Um dos assuntos mais controversos sobre a saúde da mulher, é a Menopausa. Os sintomas, quando não são devastadores, envolvem pelo menos sensações subjetivas que colocam a mulher diante de si mesma em total desamparo.
A maior parte dos sintomas desagradáveis que elas sentem, a partir dos 45 anos, sejam eles quais forem, estão relacionados com a Menopausa. Os médicos subestimam esse momento em que os hormônios, no período da pré-menopausa, enlouquecem, para logo em seguida desaparecerem de forma definitiva do corpo sadio de uma mulher ainda com todas as funções corporais ativas. Isso provoca, além do mal estar que todos já sabemos – os fogachos, as irritações, os colapsos emocionais, a rejeição ao parceiro, etc. – um descompasso entre um corpo sadio e a interrupção brusca de uma boa parte desse elemento essencial da vida que são os hormônios.
A natureza, voltada principalmente para a sobrevivência da espécie, falando a grosso modo, sinaliza que uma mulher ao entrar na menopausa perdeu a sua função primordial, que é a concepção. Então a decadência pode ser vertiginosa se não houver um preparo para esse novo momento. Preparo esse amparado por novas atitudes que deverão ser adotadas na manutenção de um corpo sadio e vigoroso nesta outra metade da vida.
Nas experiências que tive comigo e com mulheres que procuraram apoio, posso dizer que em uma boa parte delas a Menopausa foi devastadora. Os prejuízos, no entanto, poderiam ter sido minimizados se já houvesse um entendimento a respeito do assunto, não só no seio da família mas também na comunidade médica. A maior parte das mulheres, e é claro que existem aquelas que passam ao largo de qualquer dos relatos que faço aqui, percebem que o seu corpo entra em colapso. Gastrites, sinusites, problemas no útero, ovário, vesícula, artrites, artroses, obesidade, problemas intestinais e até mesmo câncer podem de repente aparecer nesse corpo anteriormente sadio, mas que entrou em rápida transformação. O metabolismo fica alterado, a libido desaparece, o estado emocional entra em crise, o corpo começa a exigir uma atenção exagerada, problemas ficam exacerbados. Há uma distorção da realidade nesse período, pois além do físico, o mental e o emocional também se reorganizam.
O que eu digo aqui tem a intenção única de alertar. Muitas mulheres passam por todo esse desconforto mas não conseguem perceber que não são enfermidades isoladas, mas apenas o estado de carência generalizada ao entrar na menopausa. É
Além disso, os recursos de uma medicina compartimentada, em que o corpo não é visto como um todo, tratarão apenas de forma muito localizada os problemas que aparecerão nesse período. Uma enorme quantidade de seios, úteros, ovários, serão arrancados, quando nem sempre isso é necessário, se houvesse a preocupação com o corpo como um todo e com o momento pelo qual este corpo está passando. E também uma enorme quantidade de especialistas serão ativados, alergistas, otorrinos, ortopedistas, etc. todos muito bem intencionados dentro de uma visão de mundo estreita e agressiva. Uma enorme quantidade de medicamentos serão indicados, uma enorme quantidade de dinheiro será desperdiçado para pagamento da indústria da doença. E a saúde, essa coisa cada dia mais longínqua, ficará a cargo daqueles que procurarão alternativas menos violentas e que cuidam do corpo doente como um todo em direção da promoção da saúde. Aí entram os terapeutas holísticos, os homeopatas, os fitoterapeutas, os acupunturistas, os centros espirituais de cura, etc. A maior parte realizando verdadeiros milagres que a medicina moderna – perdida em suas especializações – não consegue resolver.
É óbvio que um bom médico alopata, aquele que trata seu paciente com respeito, que utiliza a pesquisa como suporte, que se atualiza diariamente para atender às novas demandas, que não é preconceituoso e suficientemente humilde diante da vida, capaz de perceber que cada corpo é um corpo distinto com suas verdades e com o seu próprio poder de cura, é de valor inestimável para todos. Mas esse médico em extinção, pelo menos no Brasil atual, é difícil de encontrar, principalmente porque os Planos de Saúde nivelam seus profissionais por baixo. Na verdade, os bons profissionais podem ainda ser encontrados nas universidades ligadas aos governos federal ou estadual, já que estes são os últimos redutos da inteligência brasileira, voltadas para a pesquisa séria e comprometida com o bem estar social.
Portanto, mulheres, se cuidem, sabendo que as doenças e os desconfortos desse período têm um motivo passageiro. O importante é ter em mente a saúde e a alegria de iniciar um novo percurso em sua vida, mais maduro, mais tranquilo e, certamente, saudável. Para isso, uma preparação teria que incluir pelo menos a diminuição na jornada de trabalho, uma terapia de reposição hormonal com hormônios naturais, exercícios físicos apropriados – natação e dança são os melhores – e um apoio psicológico para os revezes emocionais que fazem parte desse processo.
Eliane Ganem